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Lembra quando a gente comprava um jogo, jogava até zerar e só então partia para o próximo? Pois é, isso virou lenda urbana.
Agora, graças ao Xbox Game Pass, à Epic Games Store, e ao festival infinito de jogos gratuitos e promoções, entramos na era do backlog eterno.
Temos mais jogos do que tempo para jogá-los.
Começamos dezenas de títulos e terminamos… um? Talvez?
E ainda reclamamos que “não tem nada para jogar”.
A real é que não jogamos mais. Nós colecionamos jogos.
A maldição do “grátis” – Epic e o vício em colecionar jogos que nunca abrimos
A Epic Games Store não quer que você compre jogos. Ela quer que você acumule jogos.
Desde que começou a distribuir games gratuitos, a plataforma já deu mais de 1.100 jogos de graça e elevou seu catálogo para mais de 4.000 títulos disponíveis. (store.epicgames.com)
E o ciclo vicioso acontece assim:
Você vê o jogo gratuito da semana.
Adiciona à biblioteca (porque, né, é de graça).
Nunca instala.
Semana seguinte, repita o processo.
Parabéns, agora você tem 200 jogos que nunca vai jogar. E a Epic sabe disso.
Xbox Game Pass: O buffet livre de jogos que destruiu nossa paciência
Se a Epic nos transformou em acumuladores digitais, o Xbox Game Pass nos colocou num buffet infinito onde o maior problema é escolher o que jogar primeiro.
Mais de 400 jogos disponíveis no catálogo.
Lançamentos Day One, garantindo que você sempre tenha um título novo piscando na sua tela.
Títulos saindo do catálogo o tempo todo, criando a pressão psicológica de jogar tudo rápido antes que desapareça.
Resultado? A síndrome do “Próximo Jogo”.
Começamos um jogo e, antes de zerar, vemos outro que parece mais interessante.
Abandonamos o primeiro, jogamos o segundo por 2 horas e… opa, olha esse terceiro aqui!
No fim das contas, passamos mais tempo escolhendo do que jogando.
E o pior: quando percebemos que não estamos terminando nada, culpamos os jogos em vez de admitir que somos nós os problemáticos.
O efeito psicológico: Nossos cérebros não foram feitos para tanto conteúdo
O excesso de opções não só mudou nossa forma de jogar, mas também *ferr nossa capacidade de concentração.
A ciência explica:
Paradoxo da escolha – Quanto mais opções temos, mais difícil é decidir e menos satisfeitos ficamos com qualquer escolha.
FOMO (Fear of Missing Out) – O medo de “perder algo melhor” nos faz pular de jogo em jogo sem terminar nenhum.
Gratificação instantânea – Se um jogo demora 10 minutos para ficar bom, já trocamos por outro antes disso.
Por isso mesmo jogos como Fortnite, Call of Duty e Genshin Impact dominam. São experiências rápidas e viciantes, feitas para segurar nossa atenção.
O impacto na indústria: Jogos mais curtos, experiências fragmentadas
Os devs já perceberam que estamos sem paciência, e isso está moldando os jogos modernos:
Jogos single-player menores e mais diretos, porque ninguém tem tempo pra RPGs gigantes (exceto Baldur’s Gate 3, que ignorou essa tendência e venceu o GOTY).
Mais jogos episódicos e “early access”, pra garantir que o jogador não fuja antes da história acabar.
Explosão dos roguelikes e battle royales, porque são fáceis de entrar, jogar e largar sem compromisso.
O Game Pass não matou os jogos single-player. Mas forçou eles a serem mais rápidos e eficientes, porque senão ninguém termina.
Como escapar do ciclo do backlog eterno
Se você quer voltar a jogar de verdade e parar de ser refém do “jogue tudo e termine nada”, tente isso:
Jogue um jogo por vez. Não importa quantos estejam no backlog, escolha UM e vá até o fim.
Desative notificações de lançamentos. Reduza a tentação de novos jogos piscando na sua frente.
Estabeleça metas. Algo como “vou terminar pelo menos 2 jogos por mês”.
Aceite que você nunca vai jogar tudo. Isso não é um problema, é a realidade.
A real é que a gente precisa parar de tratar games como se fossem filmes da Netflix. Não dá pra jogar tudo. E tá tudo bem.
Conclusão: A indústria nos treinou para sermos acumuladores de backlog, mas a culpa também é nossa
A Epic Games Store nos viciou em pegar jogos grátis que nunca jogamos.
O Xbox Game Pass nos colocou num buffet infinito onde nunca conseguimos decidir o que jogar.
O resultado? Pulamos de jogo em jogo, sem foco, sem compromisso, e sem terminar nada.
A pergunta que fica é:
Você realmente joga os jogos que baixa ou só acumula títulos e fica rodando a biblioteca sem saber o que escolher?
Comenta aí e bora refletir juntos sobre essa maluquice!